Fechando balanço

Hora do balanço!


Final de ano! Hora de apurar as contas e fechar o balanço. Como todos sabem, o balanço é um demonstrativo financeiro que informa a situação econômico-financeira de uma empresa. Os números que lá constam permitem interpretar a situação de liquidez, lucratividade, rentabilidade, solvência, endividamento ou capitalização da empresa. Mas não se deixe enganar. Fixar a atenção apenas nos números tira o foco da verdadeira essência do negócio. Os números são restritos para traduzir a verdadeira experiência. Quando muito, os números medem o que "existe", mas não ajudam a descobrir o que "poderia existir". Esta é uma possibilidade fundamental para o êxito. Por isso, recomendo apurar outros "balanços", menos mensuráveis, mas não menos importantes. Afinal, nem tudo o que é importante pode ser medido e nem tudo o que é medido é, de fato, importante.

O balanço dos relacionamentos

Muitas vezes o balanço financeiro apresenta bons resultados de lucro e de caixa, mas à custa de um grande déficit no balanço das relações. Estou me referindo aos estoques de rancores e de mágoas que se acumulam ao longo do ano. Os conflitos não resolvidos, os sentimentos não declarados, as emoções contidas são contabilizadas negativamente no balanço das relações. Ao se fixar muito nos números, os sentimentos são deixados de lado. E são eles que, no futuro, contribuirão para os resultados ou para as perdas - que podem ser fatais.

Embora os saldos dessas contas sejam mais emocionais do que racionais, ainda assim tais resultados podem ser sentidos e percebidos por todos os que se relacionam no dia-a-dia de trabalho. A sua apuração se faz através da conversa franca e aberta, estimulada pelos líderes que reconhecem a importância das relações para a saúde da empresa.

Até aqui, fiz referência à primeira parte do balanço das relações, aquela que trata dos relacionamentos internos. Existem também os relacionamentos externos, dentre eles, as relações com os clientes. Esses também podem resultar em rancores, mágoas e desconfianças quando as relações não são bem trabalhadas no transcorrer do ano. E, assim como nos relacionamentos internos, também são determinantes para os resultados futuros.

As contas importantes

Nessa segunda parte do balanço das relações, existem duas contas importantes: a do não-faturamento e a das queixas não reconhecidas. A primeira trata do quanto a empresa deixou de faturar por mau atendimento ou problemas de clientes a quem não se ofereceu uma solução adequada ou mesmo mal encaminhados, de maneira a gerar irritação ou mesmo desconfiança e descontentamento. Todas as empresas sabem qual a conta do faturamento, mas não têm a menor idéia de quanto deixaram de faturar por problemas de relacionamentos. Estimamos que uma empresa perde cerca de dois meses de faturamento causados por problemas de relacionamento! E que, se tivesse conhecimento disso, poderia ter um ano de até 14 meses!

Valorize, portanto, e muito a importância do balanço das relações. Para o bem ou para o mal, fatalmente o balanço financeiro será afetado pelos resultados do balanço das relações ao longo do tempo.

O balanço das competências

Mudança é o desafio permanente de todas as empresas. Significa crescer, inovar, maximizar os resultados, gerar riquezas etc. Isso pode acontecer circunstancialmente para boa parte das empresas, mas em geral depende da renovação de competências. É somente através de um aporte de novos conhecimentos e habilidades que uma empresa consegue se desenvolver e se destacar da concorrência, acentuar a sua própria identidade. O balanço das competências é aquele que mede o aumento do capital intelectual entre um período e outro e esse é o principal ativo na era em que vivemos.

Assim como acontece com relação ao balanço das relações, os números também não calculam o aporte de novas competências incorporadas pelos líderes e funcionários ao longo do ano. E são elas que permitem identificar o poder e a capacidade de uma equipe de assumir e conquistar novos desafios. E é isso que faz efetivamente um negócio prosperar.

É bom realçar algo importante: o balanço das competências não trata apenas dos conhecimentos técnicos, relacionados à habilitação das pessoas de produzir e vender mais e melhor. Esse é o aprendizado técnico-funcional, importante, porém insuficiente. Outros aprendizados são fundamentais, tais como aqueles relacionados com o negócio (compreender o cliente e suas necessidades, reconhecer a dinâmica do mercado, suas tendências e oportunidades, saber negociar etc.) e também aqueles que tratam das questões comportamentais (aprender a se comunicar, a se relacionar, a liderar, a trabalhar em equipe, a decidir em consenso etc.).

Se o balanço financeiro mede o passado, o balanço das competências sinaliza as possibilidades futuras.

O balanço das inovações

Provavelmente boa parte do faturamento e do lucro de sua empresa não virá do atual portfólio de produtos e serviços. Os números também são limitados para traduzir o talento criativo de uma empresa. E é ele que gera as idéias que garantirão o futuro.

Inovação! Esta é a melhor maneira de destacar-se no mercado, diferenciar-se em seu setor e surpreender o cliente no atendimento das suas necessidades, desde que devidamente captadas via cuidado na comunicação. De certa forma, o balanço das inovações depende mais do balanço dos relacionamentos e das competências, do que do balanço financeiro. Para que as idéias aflorem, é importante que haja um fluxo positivo nas relações com clientes e entre os funcionários. É do cliente que vem a inspiração, mas são os funcionários que produzem as idéias. E as melhores idéias surgem quando sustentadas por ouvidos e olhos atentos e bons conhecimentos.

O superávit no balanço das inovações se dá quando as idéias superam os bloqueios e isso sugere um aumento na capacidade da empresa de gerar resultados.

O balanço das contribuições

Afinal, para que serve uma empresa? Para gerar lucros, dirão alguns, com veemência. Se a compreensão do tema, da missão for essa, uma empresa existe mais para extrair do que a contribuir. Assim, lucro é a somatória de tudo o que foi possível extrair do mercado num determinado período de tempo. E, de todos os balanços citados acima, o financeiro é o que melhor calcula os ganhos obtidos, indiferente aos meios. Não contabiliza as contribuições efetivas oferecidas para o mercado.

Pense bem: um negócio existe para resolver algum tipo de problema. Identificar esse problema e avaliar a capacidade de resolução dele por meio dos produtos e serviços oferecidos pela empresa é o que mede o balanço das contribuições. O resultado final será positivo, caso a empresa consiga um saldo de contribuições maior do que os custos auferidos para consegui-las. Ou será negativo, caso ocorra o inverso. A importância do balanço das contribuições é lembrar para que serve, verdadeiramente, uma empresa. Certamente, não apenas para extrair, senão, ao contrário, para contribuir e disto, sim, obter ganhos.

Fonte: robertotranjan.com.br

Brasil pode ser nova potência e definir rumos do globo

Sem escassez de recursos naturais, com população jovem e estabilidade econômica, o país pode atravessar bem as mudanças estruturais que devem ocorrer na economia mundial.
O mundo está passando por transformações que vão representar oportunidades e desafios para os governos de quase todos os países.

Nós próximos anos, a população global estará mais velha; haverá maior demanda por recursos naturais como água, comida e energia; a tecnologia vai permitir avanços importantes na economia e haverá transformações políticas na Europa.
A boa notícia é que os países em desenvolvimento como o Brasil serão essenciais para definir um novo padrão para a economia mundial.

Nesta entrevista exclusiva ao Brasil Econômico, Erik Peterson, diretor administrativo do AT Kearney Global Business Policy, braço de pesquisas da AT Kearney, conta como o Brasil pode aproveitar essas mudanças mundiais.


O que deve acontecer com o mundo neste ano?

Pelo menos 15 países, incluindo os Estados Unidos e China, terão eleições presidenciais e passarão por importantes transformações.
Não serão apenas mudanças políticas, mas alterações que vão atingir a vida das pessoas, os valores, os estilos de desenvolvimento das economias e vão definir novas estratégias para o futuro.

Haverá algum reflexo para o Brasil?

O mundo todo está olhando para o Brasil para saber como ficarão as relações comerciais com outros países, como o câmbio vai se comportar em relação às outras moedas, qual será o investimento em programas sociais, educação e mercado de trabalho.
Mas na minha opinião, essas questões só serão respondidas após as redefinições mundiais.

O país está refém do resto do mundo?

Não. O Brasil está em evidência na comunidade internacional, não deve haver escassez de recursos naturais nos próximos anos, há estabilidade econômica e boas perspectivas de crescimento para a economia.
O país é a bola da vez. Já é um líder no Mercosul e pode ser um competidor em nível global.
Mas ainda há muitos problemas a serem resolvidos...
Um dos grandes desafios do país é resolver os problemas de infraestrutura e educação. A questão é que não é necessário modernizar apenas a infraestrutura física, mas é preciso mexer com as pessoas, investir em educação para tornar a força de trabalho mais competitiva no cenário global.

O senhor concorda com as medidas protecionistas adotadas pelo governo para proteger a indústria nacional?

Todos os governos estão enfrentando dificuldades para ser competitivos em um mundo globalizado e acabam optando por proteger suas indústrias. O problema é que com o tempo essa situação fica insustentável.

E qual seria a solução?

Antes, quando um governo queria proteger um setor, ele criava uma lei ou uma nova regulamentação. Mas, hoje, as coisas estão mudando muito rápido. Veja o caso da Apple.
A empresa revolucionou a indústria de celulares com os iPhones. Consequentemente, também houve alterações no setor bancário, já que muitos clientes fazem transações com o smartphone.
Hoje, as empresas estão rompendo seus próprios limites. Os líderes vão precisar ter uma visão de 360 do negócio porque há competidores de diferentes setores.

O baixo custo de produção na China deixa o país mais competitivo?

Sim, mas não é só isso. A China deve ultrapassar os Estados Unidos e se tornar a nova potencial mundial, no máximo, até 2020.
A crise financeira que começou em 2008 diminui a diferença entre os países desenvolvidos e as nações em desenvolvimento com a China, Índia e Brasil. Agora, eles são os preferidos pelos investidores para receber investimentos e, com isso, podem ter um crescimento sustentado.

O senhor acha que haverá melhora na economia americana?

Os economistas projetam expansão de 1,8%, mas eu acho que a economia deve crescer entre 2,2% e 2,4%, amparada pelas eleições, que são anos em que os países crescem mais.
Está havendo uma pequena melhora no desemprego, mas, no ano que vem, o desempenho da economia vai depender do desenvolvimento global.

A situação está melhorando na Europa também?

Na Europa, o maior risco é um país anunciar que não pode pagar sua dívida e contaminar todos os outros países da região. Mas a situação parece estar melhorando e após o resultado das eleições, as questões estruturais devem começar a ser discutidas e resolvidas.

E o que pode dar errado?

A população mundial está envelhecendo. Com isso, haverá uma redução na força de trabalho e será necessário rever questões como aposentadoria e planos de saúde. É preciso investir desde já na educação das crianças para que eles se tornem uma geração competitiva.

Chrystiane Silva (chsilva@brasileconomico.com.br)

Investor

Educação a Distância