Brasil pode ser nova potência e definir rumos do globo

Sem escassez de recursos naturais, com população jovem e estabilidade econômica, o país pode atravessar bem as mudanças estruturais que devem ocorrer na economia mundial.
O mundo está passando por transformações que vão representar oportunidades e desafios para os governos de quase todos os países.

Nós próximos anos, a população global estará mais velha; haverá maior demanda por recursos naturais como água, comida e energia; a tecnologia vai permitir avanços importantes na economia e haverá transformações políticas na Europa.
A boa notícia é que os países em desenvolvimento como o Brasil serão essenciais para definir um novo padrão para a economia mundial.

Nesta entrevista exclusiva ao Brasil Econômico, Erik Peterson, diretor administrativo do AT Kearney Global Business Policy, braço de pesquisas da AT Kearney, conta como o Brasil pode aproveitar essas mudanças mundiais.


O que deve acontecer com o mundo neste ano?

Pelo menos 15 países, incluindo os Estados Unidos e China, terão eleições presidenciais e passarão por importantes transformações.
Não serão apenas mudanças políticas, mas alterações que vão atingir a vida das pessoas, os valores, os estilos de desenvolvimento das economias e vão definir novas estratégias para o futuro.

Haverá algum reflexo para o Brasil?

O mundo todo está olhando para o Brasil para saber como ficarão as relações comerciais com outros países, como o câmbio vai se comportar em relação às outras moedas, qual será o investimento em programas sociais, educação e mercado de trabalho.
Mas na minha opinião, essas questões só serão respondidas após as redefinições mundiais.

O país está refém do resto do mundo?

Não. O Brasil está em evidência na comunidade internacional, não deve haver escassez de recursos naturais nos próximos anos, há estabilidade econômica e boas perspectivas de crescimento para a economia.
O país é a bola da vez. Já é um líder no Mercosul e pode ser um competidor em nível global.
Mas ainda há muitos problemas a serem resolvidos...
Um dos grandes desafios do país é resolver os problemas de infraestrutura e educação. A questão é que não é necessário modernizar apenas a infraestrutura física, mas é preciso mexer com as pessoas, investir em educação para tornar a força de trabalho mais competitiva no cenário global.

O senhor concorda com as medidas protecionistas adotadas pelo governo para proteger a indústria nacional?

Todos os governos estão enfrentando dificuldades para ser competitivos em um mundo globalizado e acabam optando por proteger suas indústrias. O problema é que com o tempo essa situação fica insustentável.

E qual seria a solução?

Antes, quando um governo queria proteger um setor, ele criava uma lei ou uma nova regulamentação. Mas, hoje, as coisas estão mudando muito rápido. Veja o caso da Apple.
A empresa revolucionou a indústria de celulares com os iPhones. Consequentemente, também houve alterações no setor bancário, já que muitos clientes fazem transações com o smartphone.
Hoje, as empresas estão rompendo seus próprios limites. Os líderes vão precisar ter uma visão de 360 do negócio porque há competidores de diferentes setores.

O baixo custo de produção na China deixa o país mais competitivo?

Sim, mas não é só isso. A China deve ultrapassar os Estados Unidos e se tornar a nova potencial mundial, no máximo, até 2020.
A crise financeira que começou em 2008 diminui a diferença entre os países desenvolvidos e as nações em desenvolvimento com a China, Índia e Brasil. Agora, eles são os preferidos pelos investidores para receber investimentos e, com isso, podem ter um crescimento sustentado.

O senhor acha que haverá melhora na economia americana?

Os economistas projetam expansão de 1,8%, mas eu acho que a economia deve crescer entre 2,2% e 2,4%, amparada pelas eleições, que são anos em que os países crescem mais.
Está havendo uma pequena melhora no desemprego, mas, no ano que vem, o desempenho da economia vai depender do desenvolvimento global.

A situação está melhorando na Europa também?

Na Europa, o maior risco é um país anunciar que não pode pagar sua dívida e contaminar todos os outros países da região. Mas a situação parece estar melhorando e após o resultado das eleições, as questões estruturais devem começar a ser discutidas e resolvidas.

E o que pode dar errado?

A população mundial está envelhecendo. Com isso, haverá uma redução na força de trabalho e será necessário rever questões como aposentadoria e planos de saúde. É preciso investir desde já na educação das crianças para que eles se tornem uma geração competitiva.

Chrystiane Silva (chsilva@brasileconomico.com.br)

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